terça-feira, 25 de agosto de 2009

Então tem essa garota no caixa do mercado. Já havia a visto algumas vezes naquela passadinha para pegar a "sixpack-afterwork-beer" e uma ou outra coisa. Loiras não são exatamente minha preferência, mas essa realmente me deixa consideravelmente abalado. Cabelo liso acima do ombro, olhos verdes que brilham mais que uma caixa de Eisenbahn na prateleira dizendo "me bebe". Desculpa, pra mim a comparação é extremamente válida.

E eis que lá estava eu hoje. Óbvio que dois carrinhos cheios na sua frente não são óbice para passar as compras no caixa que melhor lhe convém, certo? Tampouco o fato de os outros estarem vazios. Enfim. Quase findo o pagamento da ilustre consumidora que encontrava-se à minha frente, vejo aqueles olhos voltarem-se à minha direção. Opa. Opa. Não fui capaz de esboçar um sorriso que fosse.

- Se concentra, Diogo - o pensamento surge automaticamente.

Coloco meu rancho sobre o caixa - UMA cerveja e um pacote de pão.

- Boa tarde - diz ela.

- Olá.

Agora sai o sorrisinho. Sim, tosco da exata maneira que soa.

- Quatro e trinta e cinco.

Volto de Saturno, pego uma nota de cinco reais e lhe passo. Não sei se vocês já repararam, mas existem momentos cruciais onde olhares se cruzam quase que inevitavelmente. Um deles é quando a caixa do supermercado lhe entrega o troco e a nota, agradecendo pela preferência. Ela olha pra você. Se você está com pressa, desligado do mundo ou qualquer coisa assim, pode não perceber, mas acontece. Repare da próxima vez. Não sei qual a importância disso, mas... minto. Neste caso, sei qual a importância disso. Minha expectativa de sair do mercado com aqueles olhos verdes me dizendo "obrigado", quiçá revelando um sorriso que me fizesse perder o rumo de vez, foi abruptamente cortada por um "obrigado" sussurado com a cabeça baixa.

Tempos atrás vi um filme nacional, cujo nome não me recordo agora, onde o protagonista acabava por se apaixonar pela esposa de seu mestre acadêmico e melhor amigo, amor - ou paixão, mas isso já é outra história - que acaba por ser correspondido. O primeiro contato dos mesmos, quando ele chega à casa de seu amigo para passar uns dias, é posteriormente lembrado pelo mesmo pelo "olhar evasivo" da moça. De fato, ela simplesmente não olha diretamente em seus olhos. Tal cena, que veio à minha cabeça instantaneamente, me acompanhou pelas plataformas do estabelecimento sobredito até passar pelo estacionamento e chegar ao carro.

- O que vou comprar amanhã? - sorri comigo mesmo e dei a partida.

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